A propósito dos Cavalos que Fazem Sombra no Mar fui ao encontro de António Lobo Antunes. Não encontrei Antunes, o primogénito, carregando o nome austero que teria de ser Médico, continuando na senda familiar. Não encontrei o Lobo, jovem irreverente, que não queria a medicina e insistia em ser Escritor. Encontrei apenas o António, o homem-escritor. Sereno, um ar cansado, quase tímido, conversou em tom familiar e teve uma palavra de gentileza no momento da assinatura de cada livro.
Ficaram gravadas algumas frases bonitas, por entre o tom sério, as graças, as ironias, as histórias familiares. «Eu trabalho com aquilo que é anterior às palavras, as emoções, compulsões.» «Há uma alma em cada coisa e um livro é feito de coisas. Um escritor é um trapeiro, fica com o lixo que as outras pessoas não querem.» «Eu queria só chegar ao coração das pessoas.»
E foi o que fez António Lobo Antunes, naquele serão em Caldas da Rainha, no CCC.
Sem comentários:
Enviar um comentário